Sociedade e envelhecimento ativo na visão da ciência
A cada dia que passa, investigadores e estudiosos de vários países e universidades apresentam confirmações científicas acerca dos efeitos das viagens em nossas vidas, e ao envelhecimento saudável.
Somados ao rol de ganhos pessoais advindos das viagens, em estudo promovido pela U.S. Travel Association, dos Estados Unidos da América, comprovou-se que a sociedade, como um todo, pode ser beneficiada quando o seu público maduro adota o hábito de fazer turismo.
Embora seja verdade que o envelhecimento da população global seja o tema fulcral de nossa era, mal começamos a entender todo o seu impacto na vida do século XXI.
É sabido que aqueles que se mantêm saudáveis à medida que envelhecem são capazes de sustentar estilos de vida ativos, incluindo viajar aos seus 70, 80 anos, ou mais. Aquele que viaja será mais saudável, o que é bom tanto para o indivíduo quanto para a sociedade.
Com a população global com mais de 60 anos alcançando 1 bilhão de pessoas até 2020, a relação entre viagens e envelhecimento saudável tem, sem dúvida, enormes consequências positivas nos resultados da saúde de toda uma sociedade.
Um estudo do Framingham Heart Study, um projeto da Boston University e do National Heart, Lung & Blood Institute (EUA), demonstrou que as mulheres que tiravam férias a cada seis anos, ou menos, tinham um risco significativamente maior de desenvolver um ataque cardíaco, ou morte coronariana, em comparação com as mulheres que tiravam férias pelo menos duas vezes por ano.
Além disso, pesquisas em torno da promoção saúde cerebral descobriu que a participação regular em atividades sociais ou de lazer, incluindo viagens, está associada ao menor risco de demência futura.
Quem pensaria que poderíamos obter resultados tão positivos e duradouros de algo tão agradável como uma viagem?
Embora ainda sejam necessárias mais pesquisas e análises, os dados existentes são poderosos e fornecem uma base sólida para estudos futuros e novas investigações.
Esta era de envelhecimento rápido pode ser vista como um problema, ou como uma oportunidade. Pela lente da oportunidade, podemos vislumbrar novos caminhos para o crescimento econômico de uma sociedade, na medida do fortalecimento do engajamento social e realização pessoal de seus indivíduos. De acordo com Dra. Margaret Chan, Diretora Geral da Organização Mundial da Saúde: “Se os idosos puderem permanecer participantes ativos da sociedade, eles poderão continuar a contribuir para o nosso desenvolvimento socioeconômico.”
Para que isso ocorra, as atividades que contribuem para o envelhecimento saudável devem começar bem antes de se completar 60, ou até 50 anos. E requerem, ainda, decisões saudáveis ao longo da vida, e viajar é uma dessas decisões saudáveis, bem como uma dieta saudável e exercícios regulares.
Evidências científicas e históricas que ligam viagens ao envelhecimento saudável.
Um dos principais estudos da comunidade científica, na história da medicina, foi o Framingham Heart Study. Em 1948, pesquisadores recrutaram 5.209 residentes de Framingham, Massachusetts, para identificar fatores de risco para doenças cardiovasculares. Posteriormente, a segunda e terceira gerações dos participantes originais também foram acompanhados regularmente.
O resultado desse estudo é notável pela riqueza de detalhes acerca dos estilos de vida e dos comportamentos dos participantes. Por exemplo, em um dos questionários, mulheres participantes de 45 a 64 anos foram questionadas sobre a frequência com que tiravam férias. Passados 20 anos de acompanhamento, os pesquisadores verificaram que as mulheres que tiravam férias a cada seis anos ou menos tiveram maior risco de desenvolverem um ataque do coração ou morte coronária em comparação às mulheres que tiravam férias pelo menos duas vezes por ano.
Outro resultado mostrou que mulheres que não tiveram férias estiveram duas vezes mais propensas a sofrerem de depressão, em relação às que escolheram descansar.
Os achados são semelhantes para os homens. Em um estudo de nove anos, homens que não tiravam férias anuais corriam risco de cerca de 30% maior de morte por doença cardíaca.
Mesmo ao contabilizar fatores como os problemas de saúde pré-existentes no indivíduo, pesquisadores concluíram que viajar é um comportamento restaurador, com um efeito positivo e independente na saúde global do ser humano.
Entre os benefícios mais importantes de viagens e férias – e certamente o mais intuitivo – é a redução do estresse. O estresse tem desempenhado cada vez mais papel prejudicial à saúde. Enfraquece o sistema imunológico, aumenta as chances de alguém de sofrer doenças como disfunção endócrina, dores de cabeça e síndrome do intestino irritável.
Dados da Clínica Mayo explica que não fazer uma pausa no estressores diários pode elevar a quantidade do hormônio cortisol no corpo, que na verdade acelera o processo de envelhecimento.
Ao conectar a saúde às atividades comumente associadas às viagens, podemos aprender ainda mais sobre todos os seus benefícios.
Tirar férias pode parecer uma ótima maneira de aliviar o estresse, mas as atividades como caminhar na praia, explorar os parques, visitar museus ou andar em um metrô desconhecido, também imprimem um impacto positivo na saúde de uma pessoa. Estas atividades são veículos que reforçam a atividade tanto física quanto mental, além de oferecem oportunidades para aprender, envolver-se e interagir com os outros.
Nesta mesma linha de raciocínio são as palavras da Dra. Elizabeth Zamerul, médica psiquiatra brasileira, como se pode aferir da entrevista concedida a este site.
O papel da atividade física no envelhecimento ativo
A atividade física tem sido reconhecida globalmente pela Assembleia Mundial da Saúde (AMS) como um importante impulsionador para saúde, tendo em vista o potencial de redução de mortes e doenças em todo o mundo.
Conforme definido pela Organização Mundial da Saúde, a atividade física pode ser considerada em todos os afazeres cotidianos, como as tarefas domésticas, caminhar ou andar de bicicleta. Estudos mostram que, para os idosos, os benefícios à saúde são maiores se realizarem atividades de intensidade moderada, como as experimentadas enquanto viaja.
Viajar melhora a saúde do indivíduo e da sociedade de forma ampla
Com a população global com mais de 60 anos de idade a ultrapassar 1 bilhão de pessoas até 2020, e 2 bilhões até 2050, os custos com saúde pública destinados a doenças cardiovasculares, diabetes e câncer – mais frequentes na população idosa – atingirão a marca de US$ 30 trilhões.
O foco no envelhecimento ativo, portanto, não é de interesse apenas do indivíduo, mas essencial para as sociedades e governos que buscam melhorar a saúde pública e o equilíbrio dos gastos.
A saúde mental e cognitiva são reforçadas quando viajamos
O papel da atividade mental e estimulação cognitiva podem ser alcançados por meio de várias atividades associadas a viajar.
Novos estímulos decorrentes de comportamentos diferentes e novos ambientes promovem a saúde do cérebro, atrasando, potencialmente, o início de doença degenerativa.
De acordo com o Dr. Paul D. Nussbaum, Ph.D., ABPP, neuropsicólogo clínico e Professor Adjunto de Cirurgia Neurológica da Faculdade de Medicina da Universidade de Pittsburgh, “Viagens são um bom remédio. Porque desafia o cérebro com novas e diferentes experiências e ambientes, é um comportamento importante a promover a saúde do cérebro e criar resiliência cerebral durante toda a sua vida útil “.
Convívio social reforça as conexões cerebrais e o convívio intergeracional
Outra maneira de se conseguir o estímulo mental é através do aumento da atividade social.
A atividade social não apenas as atividades físicas e mentais mais agradáveis, mas podem também reduzir níveis de estresse, e, consequentemente, manter conexões saudáveis entre as células cerebrais.
De acordo com a Dra. Ruth L. Kirschstein, ex-diretora do Institutos Nacionais de Saúde: “Os fatores sociais e culturais desempenham um papel central na prevenção de doenças, manutenção da boa saúde e tratamento de doenças”. O social de uma pessoa, laços e a qualidade de suas relações sociais podem “mediar o efeito do estresse na saúde.”
Essas afirmações acerca das conquistas à saúde em função do envolvimento social e dos estímulos culturais apoiam algumas das primeiras descobertas deste estudo.
Em 1995, ao examinar os benefícios de viajar em relação a outros hobbies, a Dra. Collette Fabrigoule descobriu que a regular participação em atividades sociais ou de lazer, incluindo viagens, está associada a um menor risco de demência.
Viagens também fornecem conexões sociais intergeracionais. Pode ligar várias gerações, e dessa maneira contribuir para a saúde mental no envelhecimento saudável.
Um estudo da Associação de Viagens dos EUA descobriu que viagens multigeracionais beneficiam netos e avós, os quais mencionam a oportunidade de viajar com seus netos como um fator para que se sintam mais jovem.
Do exposto, ficou claro, portanto, a relação entre viagens e várias áreas da saúde.
Os dados apresentados neste artigo refletem e destacam o senso comum de que viajar amplia a mente, atualiza o espírito e contribui para a boa saúde – física e mental e social.
Sejamos ativos! Viajemos mais!
Silvia Triboni
Fundadora do Projeto Across Seven Seas e Repórter 60+
You Tube – Across Seven Seas
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